segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

8 de Dezembro de 2008.

Naturalmente ás vezes no curto espaço de tempo que sobra entre as lamuriações insosas e o gosto amargo do trabalho, eu me pego pensando em mim. Não há asssombro, há a expectativa estranha de um palco que parece nunca se abrir e ficamos assim eu e os atores nos olhando fumando e jogando cartas para uma peça, que nunca estreia. É assim mesmo, às vezes me olho no espelho e me assombro a cada semana encontrando um corpo mais deteriorado, às vezes mais magro às vezes mais gordo as vezes mais leve, mas nunca mais novo. Então deixo no espelho o que vejo e sigo rezando para que o que quer que esteja lá fique la, e que fora de minha casa eu me renove todos os dias. E sim eu espero, que o que eu sou seja belo e transpareça e me olhem com olhos de ternura, que me olhem e cubram de frases boas. Mesmo sabendo que no fim, sou só o que sobra destes dias em que como demais por desespero, abrindo a geladeira e engolindo carnes e frutas e refrigerantes e o que quer que esteja lá, sempre assim. Depois me ajoelho e vomito sobre a privada, sem nem precisar por o dedo. É só imaginar vestidos brancos ou azulejos verdes, então a vertigem me invade secando a garganta e fazendo sair de mim tudo num jorro triste e salgado. Ai eu levanto e coloco uma musica, nada muito moderno como o que você ouve, nada muito antigo como gostam alguns amigos...só coloco musica mesmo como quando a gente é pequeno. Daí eu bebo uisque ou vinho, nunca vodka com Tonica (era o que eu derrubei surpreso ao te ver chegando no carnaval), ás vezes vinho, mas o vinho é acido e me lembra meu vomito. E então bêbado eu sento e espero, não sei o que examante, acho que espero uma prece, uma nova pessoa de vestido branco tão iluminada quanto você, e desta vez que ela pare e me olhe e nos olhemos assim, e que ela diga que eu olhava para o vestido errado e que agora tudo ficaria bem, ficariamos em algum ponto de mim assim, juntos. Ai eu acordo patetico, de ressaca, cada dia mais cansado, cada dia mais calado, cada dia mais sozinho. Mas não confunda com auto-piedade, não confunda porfavor. Eu decidi deixar que o erro tomasse conta de mim, eu deixei de olhos abertos sabendo que morreria em seus braços, eu deixei que minha vida toda se inundasse de você ao passo que você nunca deixaria uma gota do que sou invadir a sua.

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